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editor-sênior, jornalista Mhario Lincoln
Cidades Cel Carlos Furtado

 A responsabilidade e o compromisso de quem integra uma Academia Literária

Convidados APB

03/09/2024 10h35
Por: Mhario Lincoln Fonte: Cel Carlos Furtado
Cel Carlos Furtado.
Cel Carlos Furtado.

Cel. Carlos Furtado (1)

"Há necessidade do apoio dos poderes públicos no fortalecimento das instituições culturais literárias que poderia se efetivar por meio da Lei nº 11.661, de 31/03/2022, que autorizou o governo do Estado do Maranhão a consignar no orçamento geral do Estado do Maranhão, recursos para as Academias de Letras. Uma pequena subvenção social que resolveria a penúria dos sodalícios maranhenses, a depender apenas do decreto de regulamentação; sem entrar nos meandros de nenhuma natureza, a boa vontade em efetivar essa iniciativa, não tenho a menor dúvidas se transformará em um exemplo para o Brasil". 

 

Integrar um sodalício literário vai além de simplesmente participar de um grupo dedicado às letras: é assumir uma responsabilidade que ultrapassa os limites da individualidade e da criação artística. Aquele que ingressa em uma confraria literária compromete-se não apenas a cultivar sua própria arte, mas também a contribuir para a manutenção e o enriquecimento de um legado coletivo. 


O sodalício literário é, por natureza, um espaço de intercâmbio cultural, partilha de conhecimentos e valorização da palavra escrita. Cada membro traz consigo sua voz, mas também o compromisso de preservar e disseminar a cultura, a história e a identidade que o grupo representa, o que inclui a participação ativa em atividdes, produção de obras, ajuda na organização de eventos, passando pela crítica construtiva e pelo apoio mútuo entre os integrantes. 


Além disso, a responsabilidade de quem integra um sodalício literário envolve manter viva a chama do saber, promovendo a leitura e o amor pela literatura não apenas entre os pares, mas também na sociedade. O membro deve atuar como embaixador da cultura, utilizando suas habilidades literárias para fomentar a reflexão, o debate e a conscientização sobre questões relevantes para o grupo e para a sociedade. 


Essa responsabilidade também se estende à preservação do próprio sodalício, zelando por sua continuidade e relevância ao longo do tempo. Por isso a contribuição de cada membro é essencial para que o grupo se mantenha vigoroso, cumpra sua missão estatutária e perpetue a arte literária. 


Portanto integrar um sodalício literário é aceitar o desafio de se comprometer com algo maior do que si mesmo. É assumir a responsabilidade de ser um guardião da cultura, um defensor da palavra e um promotor do saber, contribuindo para que a literatura continue a iluminar os caminhos do conhecimento e da sensibilidade humana. 


Absorver os ensinamentos das raízes históricas e filosóficas que remontam à Academia de Platão, fundada na Grécia Antiga, é essencial, pois a busca pelo conhecimento era vista não apenas como aprendizado, mas como um santuário do saber. 


A prática da dialética socrática, central na Academia, valorizava o questionamento e o debate como métodos para alcançar a verdade. Essa tradição estabeleceu as bases da educação e da pesquisa acadêmica, promovendo um ambiente onde o conhecimento é continuamente construído e renovado por meio da crítica e reflexão. 


Nesse processo, reside o desenvolvimento intelectual, garantindo que a busca pelo conhecimento seja feita de maneira rigorosa e questionadora, influenciando, profundamente, nossa compreensão e prática da educação até os dias atuais. 


Revisitando a história, tem-se conhecimento de que, ao longo dos séculos, várias Academias foram criadas ao redor do mundo, incluindo no Brasil, e a mais antiga em atividade é a Accademia della Crusca, fundada em 1583, em Florença, Itália, e dedicada à preservação da língua italiana. 


No Brasil, nossas tradições acadêmicas foram fortemente influenciadas pela Académie Française, fundada em 1635 por Richelieu, sob o reinado de Luís XIII. Composta por quarenta membros conhecidos como "les Immortels", é uma das mais prestigiadas instituições culturais da França, com a missão de preservar e regulamentar a língua francesa, e é considerada a matriarca das instituições literárias brasileiras. 


A criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 20 de julho de 1897, foi diretamente inspirada pelo silogeu francês. Fundada por Machado de Assis e outros escritores brasileiros, a ABL adotou a estrutura e os objetivos da instituição francesa, buscando promover a literatura e a língua portuguesa em nosso país. Tal como sua inspiradora, a ABL é composta por quarenta membros, também chamados de "imortais," e, desde sua fundação, tem desempenhado um papel central na cultura e na literatura do país, influenciando, profundamente, o desenvolvimento e a preservação da língua portuguesa. 


Nesse viés destaco a importância do cultivo das tradições acadêmicas no que se refere à simbologia, às vestes e ao colar acadêmico. O cultivo dessas tradições desempenha um papel crucial na preservação da identidade e dos valores das instituições acadêmicas. Essas tradições não são meros ornamentos, mas símbolos ricos em significado, que reforçam a continuidade, a solidez e o prestígio da academia. 
Ao cultivar essas tradições, as instituições acadêmicas mantêm viva a conexão com suas origens e reafirmam seu compromisso com os valores que as sustentam. Esse respeito pelas tradições não apenas fortalece a identidade acadêmica, mas também inspira as novas gerações a valorizarem e perpetuarem o legado intelectual e cultural da academia. 


Finalizo enfatizando a necessidade do apoio dos poderes públicos no fortalecimento das instituições culturais literárias que poderia se efetivar por meio da Lei nº 11.661, de 31/03/2022, que autorizou o governo do Estado do Maranhão a consignar no orçamento geral do Estado do Maranhão, recursos para as Academias de Letras. Uma pequena subvenção social que resolveria a penúria dos sodalícios maranhenses, a depender apenas do decreto de regulamentação; sem entrar nos meandros de nenhuma natureza, a boa vontade em efetivar essa iniciativa, não tenho a menor dúvidas se transformará em um exemplo para o Brasil. 

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1 Exposição realizada no V Encontro das Academias de Letras do Maranhão (FALMA), em 30/08/2024 em Barreirinhas/MA. 
2 Carlos Furtado, Escritor e Presidente da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (AMCLAM) 

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