Cel. Carlos Furtado (1)
"Há necessidade do apoio dos poderes públicos no fortalecimento das instituições culturais literárias que poderia se efetivar por meio da Lei nº 11.661, de 31/03/2022, que autorizou o governo do Estado do Maranhão a consignar no orçamento geral do Estado do Maranhão, recursos para as Academias de Letras. Uma pequena subvenção social que resolveria a penúria dos sodalícios maranhenses, a depender apenas do decreto de regulamentação; sem entrar nos meandros de nenhuma natureza, a boa vontade em efetivar essa iniciativa, não tenho a menor dúvidas se transformará em um exemplo para o Brasil".
Integrar um sodalício literário vai além de simplesmente participar de um grupo dedicado às letras: é assumir uma responsabilidade que ultrapassa os limites da individualidade e da criação artística. Aquele que ingressa em uma confraria literária compromete-se não apenas a cultivar sua própria arte, mas também a contribuir para a manutenção e o enriquecimento de um legado coletivo.
O sodalício literário é, por natureza, um espaço de intercâmbio cultural, partilha de conhecimentos e valorização da palavra escrita. Cada membro traz consigo sua voz, mas também o compromisso de preservar e disseminar a cultura, a história e a identidade que o grupo representa, o que inclui a participação ativa em atividdes, produção de obras, ajuda na organização de eventos, passando pela crítica construtiva e pelo apoio mútuo entre os integrantes.
Além disso, a responsabilidade de quem integra um sodalício literário envolve manter viva a chama do saber, promovendo a leitura e o amor pela literatura não apenas entre os pares, mas também na sociedade. O membro deve atuar como embaixador da cultura, utilizando suas habilidades literárias para fomentar a reflexão, o debate e a conscientização sobre questões relevantes para o grupo e para a sociedade.
Essa responsabilidade também se estende à preservação do próprio sodalício, zelando por sua continuidade e relevância ao longo do tempo. Por isso a contribuição de cada membro é essencial para que o grupo se mantenha vigoroso, cumpra sua missão estatutária e perpetue a arte literária.
Portanto integrar um sodalício literário é aceitar o desafio de se comprometer com algo maior do que si mesmo. É assumir a responsabilidade de ser um guardião da cultura, um defensor da palavra e um promotor do saber, contribuindo para que a literatura continue a iluminar os caminhos do conhecimento e da sensibilidade humana.
Absorver os ensinamentos das raízes históricas e filosóficas que remontam à Academia de Platão, fundada na Grécia Antiga, é essencial, pois a busca pelo conhecimento era vista não apenas como aprendizado, mas como um santuário do saber.
A prática da dialética socrática, central na Academia, valorizava o questionamento e o debate como métodos para alcançar a verdade. Essa tradição estabeleceu as bases da educação e da pesquisa acadêmica, promovendo um ambiente onde o conhecimento é continuamente construído e renovado por meio da crítica e reflexão.
Nesse processo, reside o desenvolvimento intelectual, garantindo que a busca pelo conhecimento seja feita de maneira rigorosa e questionadora, influenciando, profundamente, nossa compreensão e prática da educação até os dias atuais.
Revisitando a história, tem-se conhecimento de que, ao longo dos séculos, várias Academias foram criadas ao redor do mundo, incluindo no Brasil, e a mais antiga em atividade é a Accademia della Crusca, fundada em 1583, em Florença, Itália, e dedicada à preservação da língua italiana.
No Brasil, nossas tradições acadêmicas foram fortemente influenciadas pela Académie Française, fundada em 1635 por Richelieu, sob o reinado de Luís XIII. Composta por quarenta membros conhecidos como "les Immortels", é uma das mais prestigiadas instituições culturais da França, com a missão de preservar e regulamentar a língua francesa, e é considerada a matriarca das instituições literárias brasileiras.
A criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 20 de julho de 1897, foi diretamente inspirada pelo silogeu francês. Fundada por Machado de Assis e outros escritores brasileiros, a ABL adotou a estrutura e os objetivos da instituição francesa, buscando promover a literatura e a língua portuguesa em nosso país. Tal como sua inspiradora, a ABL é composta por quarenta membros, também chamados de "imortais," e, desde sua fundação, tem desempenhado um papel central na cultura e na literatura do país, influenciando, profundamente, o desenvolvimento e a preservação da língua portuguesa.
Nesse viés destaco a importância do cultivo das tradições acadêmicas no que se refere à simbologia, às vestes e ao colar acadêmico. O cultivo dessas tradições desempenha um papel crucial na preservação da identidade e dos valores das instituições acadêmicas. Essas tradições não são meros ornamentos, mas símbolos ricos em significado, que reforçam a continuidade, a solidez e o prestígio da academia.
Ao cultivar essas tradições, as instituições acadêmicas mantêm viva a conexão com suas origens e reafirmam seu compromisso com os valores que as sustentam. Esse respeito pelas tradições não apenas fortalece a identidade acadêmica, mas também inspira as novas gerações a valorizarem e perpetuarem o legado intelectual e cultural da academia.
Finalizo enfatizando a necessidade do apoio dos poderes públicos no fortalecimento das instituições culturais literárias que poderia se efetivar por meio da Lei nº 11.661, de 31/03/2022, que autorizou o governo do Estado do Maranhão a consignar no orçamento geral do Estado do Maranhão, recursos para as Academias de Letras. Uma pequena subvenção social que resolveria a penúria dos sodalícios maranhenses, a depender apenas do decreto de regulamentação; sem entrar nos meandros de nenhuma natureza, a boa vontade em efetivar essa iniciativa, não tenho a menor dúvidas se transformará em um exemplo para o Brasil.
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1 Exposição realizada no V Encontro das Academias de Letras do Maranhão (FALMA), em 30/08/2024 em Barreirinhas/MA.
2 Carlos Furtado, Escritor e Presidente da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (AMCLAM)
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