Nota do editor: cada publicação a confreira Esmeralda Costa mostra maior dedicação e maior qualidade nesta coluna nacional de Cordel. E como o próprio nome diz, ela está tornando a divulgação dessa arte cultural ampla, atingindo vários cantos do país, não só o Ceará, onde reside. Assim, todas as homenagem a ela e às obras dela, como nesse Certificado de participação no Concurso Mario Quintana, onde foi muito bem classificada com o poema "Víço de Amor", são muito bem vindas. Parabéns, pois, a Esmeralda Costa (APB-CE) e que suas colunas continuem a evoluir a fim de que o Brasil todo conheça essa veia artística maravilhosaque é a Literatura de Cordel, cuja autênticidade mistura-se às origens do Brasil. (Mhario Lincoln).
COLUNA DO CORDEL BRASILEIRO
Esmeralda Costa
A literatura de cordel, tradicionalmente associada ao Nordeste brasileiro, está ocupando novos espaços no Brasil e no mundo, ganhando visibilidade e reconhecimento além de seu território de origem. Historicamente, esses folhetos impressos em papel barato, com suas capas com xilogravuras ou fotos e versos rimados, eram vendidos em feiras populares e transmitiam histórias de heróis, eventos históricos, lendas e temas do cotidiano, sempre com um olhar crítico e uma linguagem acessível.
Nos últimos anos, o cordel tem transcendido as fronteiras geográficas e culturais, alcançando novos públicos e se adaptando a diferentes contextos. No Brasil, ele passou a ocupar escolas, universidades e eventos culturais em grandes centros urbanos, sendo reconhecido como uma expressão importante da cultura popular e da identidade nacional. A Academia Brasileira de Literatura de Cordel, criada em 1988, é um exemplo dessa legitimação e tem desempenhado um papel fundamental na valorização e preservação dessa tradição.
Internacionalmente, a literatura de cordel tem despertado o interesse de pesquisadores e artistas, sendo objeto de estudos acadêmicos em áreas como a linguística, a antropologia e a literatura comparada. Além disso, exposições e traduções de cordéis para outras línguas têm contribuído para a difusão dessa forma de arte, levando suas narrativas e estética únicas a países como França, Estados Unidos, Portugal e outros.
A digitalização também desempenhou um papel importante na expansão da literatura de cordel. Com a internet, os folhetos ganharam novos formatos, sendo compartilhados em blogs, redes sociais e até em plataformas de livros digitais. Essa presença no meio digital democratizou ainda mais o acesso ao cordel, permitindo que novos autores surjam e que suas obras alcancem leitores em qualquer parte do mundo.
Esse movimento de ocupação de novos espaços reflete a versatilidade e a riqueza da literatura de cordel, que, mesmo mantendo suas raízes populares, se mostra capaz de dialogar com o contemporâneo, preservando seu valor cultural e se reinventando para as novas gerações.
Alguns destaques:
Terceiro Concurso de Cordel em São Gonçalo
A realização do concurso foi da Academia Gonçalense de Literatura de Cordel (AGLC) em parceria com a editora Apologia Brasil.
O Tema escolhido para este ano foi “A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA DE CORDEL COMO METODOLOGIA NO ENSINO NO NORDESTE E NO BRASIL”, com premiação financeira, troféus, certificados reconhecidos pela Academia Gonçalense de Literatura de Cordel (AGLC) e publicação em livro impresso e digital dos vencedores. A iniciativa da AGLC teve como objetivo estimular a produção da escrita como ferramenta educativa, política e cultural através deste gênero literário popular e ao mesmo tempo sofisticado.
O resultado foi divulgado na quinta-feira 11 de julho de 2024. Os três grandes prêmios, assim como na edição do ano passado, ficaram no Nordeste, mas com uma novidade: desta vez, a grande campeã foi Vivian Sampaio Lissek, jovem poeta paranaense, radicada na Bahia. Ela venceu o Concurso com o poema "Versos que educam". O poeta potiguar Manoel Cavalcante, com o texto em septilhas "Cordel é revolução" ficou em segundo lugar, e o cearense João Rodrigues Ferreira da cidade de Reriutaba, ficou em Terceiro lugar com o poema - também em septilhas - "Cordel: professor atemporal".
Cordelistas Cearenses têm Presença Marcante na 27a. Bienal do Livro em São Paulo
A participação de cearenses na Bienal do Livro de São Paulo, o maior evento literário da América Latina, destaca a relevância e diversidade da cultura do Ceará. Sob o tema "Cultura com nosso sotaque", a presença de escritores, cordelistas, repentistas, editores e artistas cearenses não só reforça as potências literárias do Estado, como também lança luz sobre as demandas e os desafios enfrentados pela produção cultural local. O Ceará, conhecido por sua rica tradição oral e sua forte identidade regional, está mostrando que sua literatura vai além do regionalismo, ocupando cada vez mais espaço no cenário nacional.
Os cearenses levam à Bienal não apenas suas histórias, mas também a singularidade de suas vozes, representadas por um sotaque marcante e por temas que abordam questões sociais, culturais e históricas do Nordeste. Essa representatividade destaca a pluralidade da cultura cearense e sua capacidade de se conectar com diferentes públicos. Além disso, a participação no evento é uma oportunidade de promover o diálogo sobre políticas públicas e incentivos necessários para o fortalecimento do mercado editorial e literário no Ceará, abrindo portas para novos talentos e expandindo a visibilidade da produção literária do Estado em nível nacional e internacional.
Dideus Sales, Klévisson Viana, Biana Alencar, Tião Simpatia, Arlene Holanda, Lucinda Marques, Geraldo Amâncio, Paola Tôrres e Casemiro Campos são apenas alguns dos poetas e escritores que representaram o Estado e a literatura local na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
No Distrito Anhembi aconteceu o maior evento literário da América Latina, que contou com um espaço dedicado à cultura e produção do Nordeste: o Espaço Cordel e Repente. Nesse espaço, promovido pela editora Imeph em parceria com a Câmara Brasileira do Livro, a presença de representantes da cultura cearense foi bastante evidente.
Concurso de Literatura de Cordel Zoordel
A 3ª Edição do Concurso de Literatura de Cordel Zoordel com a temática: Feiras Livres. O certame foi uma realização da Rede de Museus da UEFS através da parceria entre os Museus de Zoologia, Casa do Sertão, o Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários - PROGEL, a Pró-Reitoria de Extensão - PROEX e a UEFS Editora, com apoio institucional da Assessoria de Comunicação/ASCOM-UEFS.
No último dia 05 de setembro a Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS divulgou o resultado deste concurso e o primeiro lugar foi para o poeta José Pereira dos Anjos, conhecido como Zeca Pereira de Barreiras- BA, com o cordel “Peleja de Zé Ferreira com João Barbosa sobre o tema feiras livres”
Zeca Pereira destacou-se como bicampeão no prestigiado concurso Zoordel da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que celebra a tradição nordestina da literatura de cordel. Em 2022, ele conquistou o primeiro título com o cordel intitulado “O protesto dos animais”, uma obra que trouxe à tona questões ambientais e a relação do ser humano com a fauna, utilizando-se de uma linguagem popular e acessível, característica do gênero.
Dois anos depois, em 2024, Zeca Pereira voltou a brilhar no concurso ao vencer novamente, desta vez com o cordel Peleja de Zé Ferreira com João Barbosa sobre o tema feiras livres. O cordel relata uma animada disputa verbal entre dois personagens, Zé Ferreira e João Barbosa, que debatem, com humor e sabedoria, sobre a importância cultural, econômica e social das feiras livres, tão tradicionais no cenário nordestino.
Zeca Pereira é uma referência no campo da literatura de cordel, não apenas por suas vitórias no Zoordel, mas também por sua capacidade de resgatar e atualizar temas da cultura popular nordestina, sempre com uma narrativa envolvente e crítica. Ele é dotado de notável conhecimento quando o assunto é cordel. Esse grande cordelista, é autor da obra “ABC do Cordel - Além da Métrica, Rima e Oração” e de muitas outras.
Parabéns Zeca, a Bahia, o Nordeste e o Brasil tornam-se cada vez mais ricos com suas notáveis contribuições para a cultura nordestina e para o cordel brasileiro.
Dia de Bárbara de Alencar é festejado com cordel e repente
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, por meio da LEI N° 18.757, de 02.de maio de 2024, estabelece o dia Estadual em homenagem à heroína Bárbara Pereira de Alencar, decretando:
Art. 1º Fica criado o Dia Estadual em Homenagem à Heroína Bárbara Pereira de Alencar, que será inserido no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado do Ceará, e celebrado, anualmente, no dia 28 de agosto.
A cidade de Campos Sales-CE, foi uma grande pioneira da celebração do 28 de agosto. A iniciativa partiu da Estação Cultural Ecopedagógica Instituto Bárbara de Alencar - ECEIBA, que reuniu cordelistas e repentistas num magnífico momento de expressividade cultural em homenagem a heroína nacional. A pofessora Raimunda Máximo apresentou o seu cordel " A trajetória de Bárbara de Alencar" e nós apresentamos da nossa autoria as obras em Literatura de Cordel: Bárbara de Alencar - Heroína Nacional e Dona Bárbara - Do Pernambuco pro Crato e do Crato pro Brasil. Além disso, abrilhantando o momento com a cantoria de improviso, o repentista Antônio Poeta encantou a todos os presentes. Confira trechos do momento através dos links:
https://www.facebook.com/share/r/dBjmn8uRVhPeowe6/?mibextid=oFDknk
https://www.facebook.com/share/v/kTayDBVvdCzF3DdP/?mibextid=oFDknk
E assim concluímos mais uma edição da coluna Cordel Brasileiro afirmando que, expandir a Literatura de Cordel é crucial para a preservação de uma rica tradição cultural, o fortalecimento da diversidade literária e o estímulo a um diálogo intercultural, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. Essa difusão assegura que o cordel continue a ser uma forma vibrante e relevante de arte, capaz de dialogar com o presente e de inspirar futuras gerações.
Um abraço aos nossos leitores e até a próxima edição!
Esmeralda Costa
Campos Sales-CE
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