
Coordenação: Mhario Lincoln c/Editoria de Literatura e Arte do Facetubes.
É uma honra publicar a estreia da poeta Marcia Reis na SEGUNDA POÉTICA, que já virou mania para leitores de várias partes do Brasil. Por isso, a escolha feita por nossa editoria de Litertatura e Arte é rigorosa. Desta feita, Marcia Reis é a escolhida para abrir esta segunda com uma poesia íntima e nostálgica à cidade de São Luís, revelando-se como um percurso de descoberta e reencontro consigo mesma. Gostei muito dessa linguagem suave, quase confessional, cheia de lirismo, evocando o tempo, a memória e o amadurecimento. Igual acredito (pra mim que sou ludovicense) que a nossa cidade (minha e dela) não é apenas cenário poético. entretanto, como ela mesma escreve, é cúmplice, que acolhe e inspira a realização de desejos antigos, antes reprimidos pela juventude. Claro que me emocionei ao ler essa lírica e imediatamente fui buscar em meus alfarrábios, Eugénio de Andrade, poeta português cuja escrita também se caracteriza pela simplicidade luminosa e pela celebração dos sentidos. Tal como Eugénio, que via na natureza e nos afetos uma forma de transcendência, a autora transforma São Luís em espaço poético onde o amor, os sonhos e a maturidade coexistem. Parabéns, portanto Marcia Reis por ter aceito participar desta SEGUNDA POÉTICA ao lado de outros grandes poetas convidados. Aliás, este poema está entre as felizardas que compõem exposição “Mulheres em Imagens e Palavras”, promovida brilhantemente pela AJEB/MA, nos dias 28, 29 e 30 de outubro, das 8h às 17h, no Fórum Desembargador Sarney Costa, em São Luís. Vale dizer que eu aplaudo essa iniciativa, principalmente, por ser única e original. Ou seja, a primeira edição da exposição “Mulheres em Imagens e Palavras”, em evento, aberto a professores, estudantes e ao público em geral, que reúne a produção literária de 26 escritoras maranhenses, destacando a força da escrita feminina no cenário cultural local. Parabéns, portanto a AJEB-MA e toda sua diretoria. (Mhario Lincoln).
SÃO LUÍS, CIDADE CÚMPLICE
MARCIA REIS
Viste-me aqui chegar
com sonhos e sonhos
Aos poucos fui te descobrindo
Percorrendo as tuas ladeiras,
escadarias e avenidas
até chegar em algum lugar
Teu céu, tuas estrelas,
teu mar, tua brisa, teu sol
teu crepúsculo são testemunhas
do bem que me proporcionaste
Tua poesia suave também
Contribuiu para que os amores acontecessem
São Luis, cidade cúmplice
Aos poucos vou realizando
Meus projetos e minhas traquinices que
Não vivi na adolescência
Agora com uma cabeça mais
Pensante, vou aos poucos
Concretizando o meu sonho de menina
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NA ASA DE UM COLIBRI
Gracilene Pinto
O poeta é um duende que voa
Com a asa da imaginação,
Vê beleza em qualquer coisa atoa
E transforma a beleza em canção.
O poeta é um ente que habita
Em um jardim de enorme esplendor,
Na harmonia de sons e perfumes,
Nos cambiantes de vida e de cor.
Que, exaltado,
Em vã tentativa
Quer em rosa a vida colorir.
Que passeia entre sonhos
E que voa
Na asa multicor de um colibri.
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O TEMPO URGE!
Francisco Baia
Esse canto,
que encanta minh’alma,
que me acalma, me faz
rever a intenção de ter
constantemente, e me leva
a aprisionar-me na masmorra
da minha dor, antes que morra
por ti, o meu amor.
Dói, sangra,
dilacera todo o desejo
que acumulo há tempo;
todavia, nada posso fazer,
a não ser te esperar, sentado
talvez sobre o monte
mais alto da minha paciência
e desejar que a profecia
daqueles que enaltecem
a poesia, se cumpra, e você
venha vestida com o véu
belo e transparente do céu,
acompanhada co’anjos
tocando acordes suaves
das boas novas, carregada
pelas estrelas, sobre as
nuvens do infinito!
Ah! Como te espero,
e só em pensar esse dia
me desespero em
arrumar minha alegria
desesperada — euforia
de um sentimento ávido
de carência, da essência
que te envolve completamente.
Tocar-te inteiramente
com dedos de pianista
é um sonho que não carece
ser acordado; beijar-te,
docemente, sofregamente,
é um afã que precisa ser
realizado; sentir, enfim,
teu corpo pueril, ardente,
quente, viril — é loucura
dominante nesse teu
homem, que só implora
um cadinho do teu momento,
pra não terminar sozinho,
morto de sentimento,
sem amar, sem tempo.
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Sou Poesia
Jucimara Vergopolam
Eu sou aquela que te invade a alma
E te inebria;
Que te perturba o sono
E que te assalta durante o dia...
Eu sou a expressão da sua dor
Do seu temor, sua agonia
Sou a miséria do mundo
A fome e a epidemia...
Sou sua lágrima mais sentida
O toque que te arrepia
Sou sua mesa farta
E o seu pão de cada dia...
Sou sua estranha mais conhecida
Sou sua melhor amiga
Sou canto, violão e melodia...
Sou poema, sou forma e melancolia
Sou verbo, sou verso e sou rima
Sou tudo isso...
Sou poesia.
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A ARTE DE AMAR
Valterline Maia
Original da ACADEMIA LITERÁRIA DO MARANHÃO - ALMA
Quem cantará o amor
Inefável, indelével?
Quem fará os arranjos
Da melodia do amar?
Comporás o amor
Tecendo os versos
Pintando os arranjos
Dedilhando a alma
E segredando as mil e
uma melodias dos amantes
Composição feita...
A quem se deve o engenho?
O engenho dessa arte
Se deve a arte de amar
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POEMA DE AMOR
Paulo Barros
Te expliqué, mi amor, sobre este supuesto amor:
¿Qué es?
Es así de simple:
Es algo simple
que aparece de la nada,
pero proviene de todo.
Además, no tiene fin;
se queda en nuestra alma,
para siempre.
Quizás porque se convierte en ello, amor,
nuestra misma alma.
Como si se apoderara
de ella, de nuestra vida entera.
Pero no lo olvides,
el amor,
su esqueleto, del amor,
es la pasión.
Y la pasión, a veces, duele,
a veces te hace llorar,
a veces te quita el sueño,
a veces incluso te ayuda a perder peso,
a veces te hace pensar,
a veces te quita la mente,
a veces te hace ver que fue él quien
llegó, este supuesto amor.
Llegó y nunca se irá,
nunca más.
¡Nunca más! ¡Nunca más!
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