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editor-sênior, jornalista Mhario Lincoln
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Esmeralda Costa de volta ao Facetubes: "Força Feminina no Cordel"

Coluna Cordel Brasileiro. Esmeralda Costa é da Academia Poética Brasileira. Mais abaixo, entrevista exclusiva com a cordelista Raimunda Frazão (MA).

31/03/2024 18h21
Por: Mhario Lincoln Fonte: Esmeralda Costa
Esmeralda Costa, colunista do Facetubes.
Esmeralda Costa, colunista do Facetubes.

COLUNA DO CORDEL BRASILEIRO

Esmeralda Costa, APB/CE*

 

A mulher sempre lutou com garra e determinação para conquistar espaços que antes lhe eram negados na sociedade. Seja para ocupar profissões, quanto nos espaços artísticos e culturais. No cordel também não foi diferente, não sabemos ao certo, mas é bem provável que as primeiras mulheres cordelistas tenham usado pseudônimos masculinos para fazer suas publicações.

 

Em um artigo da UOL, intitulado O Cordel das Mulheres, que traz a manchete: Uma nova geração reage ao machismo de um gênero poético, a professora e jornalista Fernanda da Escóssia afirma: “Era um tempo de dinheiro curto na casa da paraibana Maria das Neves Baptista Pimentel. Seu marido, o comerciante alagoano Altino Pimentel, desafiou:

 

 “Você não é tão boa de fazer versos? Faça uns pra vender.” Filha do poeta e editor Francisco das Chagas Batista, ela não pensou duas vezes – transformou um romance num folheto de cordel.”

 

Discorrendo ainda sobre o tema, a autora relata que em meados de 1930 as mulheres não assinavam cordéis e eis que a solução para Maria das Neves foi adotar o pseudônimo Altino Alagoano, assim o próprio marido se encarregava de levar os cordéis para serem vendidos nas feiras de Rio Largo em Alagoas.  De acordo com Fernanda, todas as pesquisas apontam para Maria das Neves como a primeira mulher a publicar cordéis no Brasil, ainda que, com nome masculino.

 

Afirma-se que Maria das Neves publicou pelo menos três cordéis, sempre assinados com nome masculino,  mas depois da morte de seu marido em 1945, não voltou a publicar. Ela continuou compondo versos somente para divertir sua prole e outros familiares. Maria das Neves faleceu em 1994 e segundo uma das filhas ela deixou alguns poemas inacabados.

 

Segundo Fernanda: Só a partir do ano 1970 se tem notícia de cordéis assinados por mulheres.

 

Concluindo o primeiro trimestre de 2024 e não podíamos deixar de publicar uma coluna sobre a força da mulher no cultivo do cordel e posso afirmar que inúmeras mulheres vêm se destacando como cordelistas no Ceará, no Nordeste e em todo o Brasil. Dentre os vários nomes podemos citar: Paôla Torres, Anne Karolynne, Mariane Bígio, Julie Oliveira ,  Izabel Nascimento, Dalinha Catunda, Bia Lopes, Josenir Lacerda, Daniela Bento, Rosário Lustosa, Keyane Dias, Jarid Arraes, Ivonete Morais, Raimunda Frazão, Anilda Figueiredo , Nezite Alencar, Edilene Cordelista, Lindicássia Nascimento, Gorete Pereira, Artemiza Correia, Auri Lopes, Kênia Diógenes e tantas outras mulheres de garra, mulheres de fibra, mulheres pura poesia na Literatura de Cordel.

 

Temos aqui apenas uma amostragem, mas são muitas as mulheres que em nosso país levantam a bandeira do Cordel.

 

Mulheres que fazem história

 Dentre as muitas mulheres da literatura de cordel, a nossa coluna selecionou duas para divulgar as suas biografias, a primeira é uma nordestina arretada, apaixonada por sua terra, que escreve muitos  cordéis de história e faz história escrevendo  cordéis. Eu falo da minha conterrânea Nezite Alencar.

 

Nezite Alencar.

Historiadora, professora e poetisa cordelista.

Nezite Alencar é uma professora cordelista que nasceu  no sítio Olho D’água, distrito de Quixariú, na cidade de Campos Sales, reside atualmente no Crato, onde se formou em História, pela Universidade Regional do Cariri (URCA).

Assim como eu, Nezite não nega suas raízes, saiu da sua terra, mas a sua terra não saiu do seu coração. É Membro da Academia de Cordelistas do Crato, ocupando a cadeira número 21. Autêntica nordestina, poetisa forte, feito Maria Bonita, cangaceira arretada. Versando sobre a mulher, Nezite afirma:

 

“Mulher é matriz da vida,

Tem o dom da sedução,

Mas guarda no coração

Uma bravura escondida,

Uma vontade aguerrida;

Diga ela o que disser,

Faça ela o que fizer,

Sempre chega lá um dia.

MINHA MAIOR ALEGRIA?

SER POETISA E MULHER!”

 

 

Rosário Lustosa.

A dama da sabedoria e do bom humor

 Rosário Lustosa, uma Autêntica cordelista, devota de Meu Padim, Padre Cícero Romão. Nasceu lá no Juazeiro essa grande nordestina, quando ainda menina cantava em programa de calouro da Rádio Iracema; jovem, participou do filme biográfico Padre Cícero: os milagres de Juazeiro, que foi lançado em 1976 e foi membro do Grupo Teatral Willian Shakespeare, participando da 1ª Bienal de Artes de Juazeiro do Norte, com a peça teatral, Soraia, Posto 2, de Pedro Bloc. Pedagoga é Assistente Social, Rosário Lustosa é pós graduada em Língua Portuguesa e Arte Educação, com pesquisa em Literatura de Cordel (2005). Ministra oficinas de cordel, levantando com sua garra a bandeira da cultura no Cariri e por sua incansável luta, Rosário é cultura viva em Juazeiro do Norte. Dotada de bom humor, alegra a todos com sua presença e com seus escritos maravilhosos em Literatura de Cordel. A poetisa é membro da Academia de Cordelistas do Crato e da Academia Cearense de Literatura de Cordel. Autora dos fabulosos cordéis: “O Retrato da Mulher” e “A Radiografia da Mulher”.

 

Eva foi a última obra

Que Papai do Céu criou

Usando tempo de sobra

O seu corpo desenho

Com a ponta da costela

Que de Adão arrancou.

 

É dessa forma que Rosário inicia o cordel, O Retrato da Mulher.

 

ENTREVISTANDO A POETISA RAIMUNDA FRAZÃO, CORDELISTA MARANHENSE E MEMBRO DA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

 1 –  Poetisa Raimunda Frazão, há quanto tempo a poetisa escreve cordéis?

Escrevo cordéis desde que fui alfabetizada aos 5 anos de idade. Mas foi aos 7 anos de idade que declamei em público uma quadra de minha autoria.

 

2 - Geralmente, somos influenciados por algo ou por alguém ao seguirmos determinada arte. O que a influenciou a escrever cordéis?

Fui influenciada principalmente pelo meu pai que adorava ler todo tipo de Literatura. E o Cordel era o gênero literário mais lido da época em Pirapema, cidade onde eu morava.

 

3 - Quais os principais temas presentes em seus cordéis?

Abordo uma grande variedade de temas nas mínhas obras, falo sobre Meio Ambiente, sobre causas sociais e tantos outros temas.

 

4 - Qual a sua maior fonte de inspiração ao cordelizar?

Minha fonte de inspiração é o mundo com tudo que nele existe.

 

5- Atualmente, quais atividades a poetisa vem desenvolvendo para difundir , defender e valorizar cada vez mais a Literatura de Cordel no Maranhão?

Atualmente faço um trabalho intitulado poesia em movimento, através do qual, eu declamo cordéis em vários espaços, creches, escolas, igrejas, aviões, navios, barcos, em trem, ônibus, onde for preciso.

 

6- sabemos que em muitos estados brasileiros iniciou-se com o apoio do IPHAN, o processo de salvaguarda da Literatura de Cordel. Como esse processo vem acontecendo no Maranhão e o que isso significa para o cordelista Maranhense?

 

Aqui no Maranhão, o IPHAN começou as pesquisas aproximadamente por volta de 2014 e juntamente com Moisés Nobre e Paulinho Nó Cego, fomos convidados pelo IPHAN para falar sobre cordel e apresentar nossos trabalhos. Desde então, o IPHAN desenvolveu atividades e o Moisés Nobre que hoje é um grande mestre, já tinha uma pesquisa pronta e contribuiu muito para que o trabalho avançasse.

 

7- O que é o Cordel para Raimunda Frazão?

Para mim, o Cordel é diversão, é entretenimento e uma forma de levar informação e conhecimento para as pessoas sobre situações, fatos sociais e muito mais.

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Raimunda Frazão.

Biografia da entrevistada

Raimunda Pinheiro de Souza Frazão nasceu em Campo de Pombinhas - Cantanhede MA. No dia da Poesia,  14 de março de 1951. Filha de Crispim Souza e Idalina Pinheiro Souza. Técnica em Edificações pela Escola Técnica Federal do Maranhão. Graduada em Teatro pela UFMA com Registro de Atriz no Ministério do Trabalho.

Escritora, Artista Plástica com 6 prêmios em fotografia, sendo 4 deles em primeiro lugar. Com mais de trinta publicações entre livros e cordéis. Tem dois primeiros lugares com os cordéis:  João do Vale em Cordel em São Luís e História do Náutico em Cordel em Fortaleza.

Declama seus cordéis e outros poemas em muitas cidades do Maranhão, em todos  os Estados do Brasil, em Brasília. Já declamou em vários países. Em setembro de 2019 participou em Luanda - Angola - África da Bienal de Luanda pela Cultura da Paz. Onde a poesia Grito por Paz do Livro Lugares e Momentos foi muito  solicitada e aplaudida. A poetisa é membro da Academia Poética Brasileira.

 

Assim trazemos a público mais uma coluna que ressalta a importância da presença feminina na literatura de Cordel  e não deixem conferir também a primeira edição que trouxe também a temática da mulher no cordel, através do link:

 

https://www.facetubes.com.br/noticia/3676/o-cordel-brasileiro-qo-protagonismo-feminino-e-a-literatura-de-cordelq

 

Esmeralda Costa*

Poetisa cordelista da cidade de Campos Sales-CE, membro da Academia Poética Brasileira (APB), e das Arcádias:  Academia Cearense de Literatura de Cordel, Academia Internacional de Literatura Brasileira e Academia Groairense de Letras.

4 comentários
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Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 2 meses São José de Ribamar Parabéns Esmeralda Costa! Gratidão a Deus, ao Mhario Lincoln e a vocês pela Coluna do Cordel Brasileiro E vamos que vamos! Vivas ao nosso Cordel!!!
Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 5 meses São José de Ribamar Minha gratidão a Mhario Lincoln nosso Presidente e a Esmeralda Costa pela oportunidade de falar sobre o nosso trabalho. Viva o Cordel e vivas a todas,todos e todis os Cordelistas. Gratidão a Deus e a todos pela oportunidade!
Pedro Sampaio Há 5 meses Fortaleza Ce Minha Cearensidade nesse orgulho infinito de ter nascido no Nordeste com meu cordão umbilical enterrado ao pé de um mourão em Catuana Caucaia-Ce, orgulho de ser Cidadão de Fortaleza e de Groairas Terra de Padre Mororó títulos que chegou ao meu coração pela contribuição forte do Cordel em minha vida e trajetória e por minha atuação em defesa da cultura como profissional de imprensa Por tudo isso me ponho de pé para solenemente aplaudir magnânima coluna e sua colunista orgulho Camposalense bravooo
Lalá AlencarHá 5 meses Caucaia CEeita que tá bonita a coluna.
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Esmeralda Costa
Sobre Esmeralda Costa
Esmeralda Costa é poeta, escritora e Cordelista cearense. Convidada da Academia Poética Brasileira. Escreve uma coluna inédita sobre o Cordel Brasileiro.
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