*Mhario Lincoln
As declarações de Conceição Evaristo refletem uma visão profunda sobre o papel terapêutico e transformador da literatura. Ela vê a literatura como uma maneira de evitar o adoecimento emocional, sugerindo que a escrita e a leitura atuam como formas de terapia que ajudam a manter a saúde mental. A arte, nesse contexto, é uma válvula de escape que permite ao indivíduo lidar com as pressões e ansiedades da vida cotidiana, oferecendo um espaço para a expressão e a reflexão pessoal.
Evaristo também destaca a capacidade da literatura de criar novas realidades e questionar o mundo existente. Através da escrita, ela encontra uma forma de sair de si mesma e explorar diferentes perspectivas, inventando mundos alternativos que refletem suas discordâncias com a realidade atual. Esse processo de criação literária é uma forma de resistência e um meio de expressar sua insatisfação com as injustiças e desigualdades do mundo.
Além disso, Evaristo aponta para a função da literatura em preencher os vazios deixados pela história e pela ciência. Muitas vezes, as narrativas oficiais e acadêmicas não abrangem todas as experiências e vozes, especialmente aquelas de grupos marginalizados. A literatura, então, oferece uma oportunidade para contar essas histórias esquecidas ou silenciadas, contribuindo para uma compreensão mais completa e inclusiva da realidade.
Um pensador contemporâneo que compartilha essa visão é Chimamanda Ngozi Adichie. Em sua palestra "The Danger of a Single Story", Adichie enfatiza a importância de contar histórias diversas para evitar a criação de uma narrativa única e dominante que distorce a percepção das culturas e das pessoas. Tanto Evaristo quanto Adichie reconhecem o poder da literatura em desafiar narrativas estabelecidas e em dar voz às experiências que a história oficial muitas vezes ignora. A palestra de Adichie pode ser encontrada no TED Talks, onde ela discute como a ficção pode preencher lacunas na compreensão histórica e social, similarmente ao que Evaristo afirma sobre a literatura.
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